BATOM VERMELHO


Todos os dias ela me alcança implacável,
Me olha nos olhos, me sente vulnerável,
Eu paraliso e ali fico, como uma estátua, - estática.

Ela se aproxima..., respira perto mim...,
Percebe que o dia me deixou o aroma de jasmim
E mostra que a minha verdadeira vida não é assim.

Enquanto ela me direciona ao espelho,
Dizendo ao pé do meu ouvido porque veio,
Eu estremeço e renasço no brilho do batom vermelho.

Agora eu..., dominada. – A deixo sair pela calçada.
Maquiagem, salto, roupa curta, toda montada,
Esperando na esquina a primeira chamada...

As horas passam junto com a alegria que nunca vem,
A grana aparece, mas o vicio em quase tudo também;
E eu sonhando com o dia no final da linha deste trem.

No auge da sua força ela se intitula madrugada,
Me joga o reflexo no rosto, a maquiagem borrada,
Enquanto eu sofro, entre um gemido e outro, - calada.

Agora, enfim ela se faz mais fraca
E eu caminho, sozinha, de volta para casa,
Esperando o dia que não usarei mais essa máscara.

Julio Souza.

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